Chutando uma bola ou fazendo um amigo, criança quer escola, criança quer abrigo.
Na hora do cansaço ou na hora da preguiça, criança quer abraço, criança quer justiça.
Em qualquer lugar criança quer o quê? criança quer sonhar, criança quer viver.
Agente quer, agente quer, agente quer ser feliz, CRIANÇA É VIDA.
— Toquinho, cantor e compositor

A ROUPA NOVA DO REI

Há muitos anos e muitos anos, havia um rei extremamente vaidoso, que só se preocupava em se vestir com roupas caras e elegantes. Certo dia, dois viajantes chegaram à capital do reino e, sabendo da vaidade do rei, espalharam a notícia de que eram mestres em tecer um pano especial, de cores e padrões únicos que, segundo eles, também era invisível para pessoas tolas e incompetentes.

O rei logo se animou com a ideia de ter roupas que, além de belas, também seriam úteis para desmacarar aqueles que não mereciam cargos importantes e de confiança na corte.

Então, o rei mandou chamar os viajantes, entregou aos dois uma boa soma de dinheiro e ordenou que começassem a tecer uma roupa para ele.
— Majestade, precisamos de uma sala, um tear, fios de seda e ouro — disse um deles.

Uma hora depois, estavam diante do tear, fingindo tecer sem parar. E assim continuaram por muitos dias, pedindo cada vez mais seda, mais ouro e mais dinheiro.

Como o rei estava curioso. Um dia resolveu enviar o primeiro-ministro para inspecionar a obra dos tecelões.
— Ele é um ministro sábio e fiel. Com certeza, conseguirá ver esse tecido tão extraordinário e nada me esconderá — pensou o rei.


Quando o sábio ministro chegou em frente ao tear, nada viu. Ficou em dúvida preocupado. Aos falsos tecelões que perguntavam com insistência se o padrão do tecido era de seu agrado e se as cores se harmonizavam, ele respondia entusiasmado.
— Mas é claro! Magnífico! Nunca vi coisa igual na vida!

O ministro levou ao conhecimento do rei os progressos da confecção e elogiou o bom gosto dos profissionais. Ele nunca admitiria ter olhado um tear vazio.

Na cidade só se falava da nova roupa do rei, que possuía poderes mágicos para desmascarar ministros e secretários tolos e incompetentes.

Na corte, muitos impostores e aproveitadores não dormiam tranquilos e aguardavam com temor o momento em que o rei iria vestir a tão famosa roupa.

Depois de 5 ou 6 dias, o rei, ansioso, resolveu visitar os tecelões, acompanhado pelo primeiro-ministro e pelo seu conselheiro. Quando entraram no quarto de costura, o velho ministro disse com voz trêmula:
— Majestade, observe a extraordinária beleza e perfeição do tecido!

O monarca nada via, além de um tear vazio. Isso queria dizer que ele não era digno de ser rei, pensou imediatamente.
— É realmente uma beleza! Um trabalho e tanto — concordou ele, enfim, meio sem graça.

Nenhum membro da corte iria confessar que não estava enxergando absolutamente nada. Afinal, ninguém queria ser considerado indigno do cargo que ocupava. Enquanto isso, os espertos tecelões sorriam satisfeitos.

O rei voltou ao palácio transtornado e os dois impostores continuaram trabalhando no tear vazio. Empenhados na farsa, ficavam lá dia e noite.
Dois dias depois, os tecelões se apresentaram na corte, levando a roupa para que o rei pudesse desfilar na parada militar, que aconteceria naquele mesmo dia.
— Vossa Majestade gostaria de vestir sua roupa nova agora? — disse um deles.

O rei foi para a frente de um grande espelho e tirou as roupas que vestia. Os tecelões fingiram entregar  a ele primeiro a túnica, depois a calça e, enfim, a capa com sua longa cauda.
— Não é um pouco leve demais este tecido? — indagou o rei.
— Majestade, a leveza do tecido é uma de suas qualidades mais apreciadas.

Em volta dele, os cortesãos se desmanchavam em elogios à nova roupa. No pátio do palácio já estavam a postos quatro soldados em trajes de gala, segurando uma tenda, sob a qual o rei seguiria até a praça dos torneios.
— Vossa Majestade está pronta? A roupa está do vosso agrado?
— perguntou um dos charlatões.

O rei deu mais uma olhada no espelho e, perplexo e desconfiado, respondeu:
— Claro...Podemos ir.

O cortejo começou e ninguém conseguia ver a tão comentada roupa do rei. Mas é claro que ninguém confessaria isso, pois corria o risco de se passar por tolo ou incompetente. De repente, um garoto gritou desapontado:
— O rei está nu! Onde estão as suas roupas novas?

Muitos escutaram o menino e se aproveitaram do comentário:
— Um garotinho está falando que o rei está sem roupa! — gritou um popular.
— Ah! É a voz da inocência! Criança diz o que vê, não mente — comentou outro.

As palavras, antes murmuradas, agora eram ditas aos brados pelas pessoas, que riam até não poder mais. O rei, ouvindo tudo, ficou vermelho como um tomate, pois a cada passo que dava se convencia mais e mais de que aquelas pessoas realmente tinham razão. Ele havia sido enganado e a tão elogiada roupa não existia.

O rei continuou a caminhar, disfarçando, como se nada de estranho estivesse ocorrendo, acompanhado pelas gargalhadas cada vez mais intensas de todos os seus súditos.

Depois disso, os dois charlatões fugiram com todo o ouro e nunca mais foram vistos. O rei aprendeu que ser excessivamente vaidoso e acreditar em pessoas desconhecidas poderia ser perigoso para ele e todo o reino.

A Roupa Nova do Rei
Fonte: Contos de Andersen, Grimm e Perault
Colaboração: História selecionada e enviada por Gigi Jardim, 7 anos.
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