Nos últimos meses os meios de
comunicação estão alertando e orientando a população sobre a importância do
combate ao mosquito Aedes aegypti, transmissor das doenças dengue, zika vírus e
chikungunya.
Segundo as recomendações
disseminadas pelos órgãos de saúde, para conter a transmissão dessas doenças, além
do uso de repelentes, é necessário ficar atentos a outros cuidados simples que podem
ser colocados em prática e fazem toda a diferença.
Em geral, o uso de repelentes
deve ser evitado nas crianças menores de 2 anos. É obrigatório ficar atento aos
produtos específicos para cada faixa etária, para evitar irritações, alergias e
intoxicações. Recomenda-se também a orientação e acompanhamento médico.
►Como evitar os mosquitos:
• São encontrados em locais
abertos e possuem predileção pelo tornozelo,
assim, se a criança for brincar ao ar livre, deve usar roupas com mangas
compridas, punhos fechados, cobrindo braços e pernas.
• Evite roupas escuras (atraem mais
os insetos) e as roupas muito coladas ao corpo pois elas permitem a picada.
• O uso de perfumes pode atrair
alguns insetos e deve ser evitado nas crianças.
• Nos períodos do nascer e do
pôr do sol as janelas devem ficar fechadas, o que reduz a entrada de muitos
mosquitos.
• Os mosquitos como o Aedes
atacam mais durante as primeiras horas da manhã e no final da tarde, mas podem
picar à noite se houver suficiente luz
artificial.
• O uso do ar condicionado
ajuda a manter os mosquitos afastados.
• Existem produtos que podem
ser utilizados nas roupas como a permetrina 0,5% em spray.
Atenção: Aplicar
apenas nas roupas e telas de janelas e não sobre a pele.
• Usar telas nas janelas e nas
portas do quarto da criança, é o método mais inofensivo à saúde.
Vale lembrar que, hoje, existem telas com permetrina ( produto
inseticida) que são recomendados pela Organização Mundial da Saúde (OMS),
inclusive para adultos, principalmente no combate a doenças transmitidas por
mosquitos, como a malária.
• Usar mosquiteiros no berço e
cama é o mais recomendado para crianças e adultos.
• Aparelhos de tomada que
liberam inseticida podem ser ligados quando a criança não estiver no quarto
porque podem ser prejudiciais à saúde. Podem ser ligados longe do berço ou da
cama.
• Os aparelhos ultrasonicos não
apresentam eficácia comprovada.
• Velas de citronela também
podem ser usadas, quando o bebê não estiver no quarto ( pouca eficácia).
Atenção: Deve-se tomar cuidado com os repelentes líquidos que
podem ser retirados da tomada pela criança e acidentalmente ingeridos.
• Realizar a limpeza do terreno
da casa e, se possível, de terrenos, praças ou casas próximas.
• Retirar lixo e entulhos que possam
acumular água parada e que servem como local de criação de novos mosquitos.
► Uso de repelentes:
• Leia todo o rótulo antes de
aplicar o produto e guarde-o para consulta.
• Aplique o produto conforme
instruções do fabricante, somente nas partes do corpo permitidas.
• Crianças
abaixo de 6 meses: Não há estudos nessa
faixa etária sobre segurança dos repelentes. Só
devem usar mosquiteiros e roupas protetoras. Não é recomendada nenhuma substância química na pele ou
repelentes elétricos que contenham produtos químicos no ambiente onde se
encontram.
•
Crianças acima dos 6 meses: IR3535 - protege por
cerca de 4 horas. É usado na Europa há vários anos e, em concentrações de 20% é
eficaz, mas os estudos diferem quanto ao período de ação contra o Aedes aegypti
que parece ser muito curto. O uso para bebês acima de 6 meses só é recomendado
em caso de exposição inevitável e com orientação médica.
• Crianças
acima de 2 anos: Os repelentes que contém DEET
são os mais utilizados. Quanto maior a concentração da substância, mais longa é
a duração do seu efeito, com um platô entre 30 e 50%.
Uma formulação com cerca de 5%
de DEET confere proteção por aproximadamente 90 minutos, com 7% de DEET a
proteção dura quase 2 horas e com 20% de DEET a proteção é de 5 horas.
Vale ressaltar que a
concentração máxima para uso em crianças varia de país para país. Mas atenção! Há
um consenso quanto a se evitar a aplicação em crianças menores de 6 meses. Assim, nos EUA a Academia Americana de
Pediatria recomenda concentrações de até 30% para crianças acima de 2 anos.
Já a Sociedade Canadense de
Pediatria preconiza repelentes com até 10% de DEET para crianças de 6 meses a
12 anos e autores franceses, concentrações de até 30% para crianças entre 30
meses e 12 anos.
A maioria dos repelentes
disponíveis no Brasil possuem menos de 10% de DEET. A restrição da concentração
de DEET a 15% ou menor baseada na toxicidade em animais pode
resultar em doses insuficientes para a prevenção de doenças
potencialmente graves como a Dengue e a Zika.
Assim, o risco da toxicidade
deve ser devidamente pesado em relação ao risco da doença. A associação de baixas
concentrações de DEET com outros inseticidas está em estudo e parece ser
promissora para evitar a resistência aos repelentes atualmente disponíveis.
• Icaridina
em concentrações de 10% confere proteção por 3 a 5 horas e a 20%, de 8 a 10 horas.
Deriva da pimenta e permite aplicações mais espaçadas que o
DEET, com eficácia comparável.
Parece ser mais potente contra
o Aedes Aegypti do que o DEET e o IR3535 e está liberado para uso
acima de 2 anos.
• Óleos
naturais: são os mais antigos repelentes conhecidos e parecem ter eficácia razoável.
Porém, por serem altamente voláteis (evaporam rápido), protegem por
pouco tempo.
Um estudo mostrou que o óleo de soja a 2% conferiu proteção contra o Aedes por
quase 1 hora e meia.
• Óleo
de citronela por evaporar muito rápido, fornece proteção muito curta.
• Óleo
de andiroba puro mostrou ser muito menos efetivo que o DEET.
• Óleo
de capim-limão teve seu princípio ativo isolado (PMD) e em concentração
de 30% é comparável ao DEET a 20%, sendo o mais efetivo dos óleos naturais.
Atenção: Esses produtos podem causar reações alérgicas locais e sistêmicas e devem ser usados com cautela
e, preferencialmente, com a orientação do Pediatra.
Vale lembrar que as pulseiras de citronela, além da baixa eficácia, já
foram relacionadas a alguns casos de alergia no local do contato com a pele.
► Orientação quanto à aplicação dos repelentes:
• Nunca aplicar na mão da
criança para que ela mesma espalhe no corpo. Elas podem esfregar os olhos ou
mesmo colocar a mão na boca.
• Aplicar a quantidade e
intervalo recomendados pelo fabricante, lembrando que a maioria dos
repelentes atuam até 4 cm do local da aplicação.
• Não aplicar próximo da boca,
nariz, olhos ou sobre machucados na pele e seguir as orientações do fabricante
guardando a bula ou embalagem para posterior consulta, em caso de ingestão ou
efeitos adversos.
• Assim que não for mais
necessário o repelente deve ser retirado com um banho com água e sabonete.
• Não permitir que a criança
durma com o repelente aplicado. Apesar de seguro se usado corretamente o
repelente é uma substância química e pode causar reações alérgicas ou
intoxicações na criança quando utilizado em excesso.
• Em locais muito quentes — temperaturas
maiores que 30 graus — ou em crianças que suam muito, os
fabricantes recomendam reaplicações mais frequentes.
• Repelentes com hidratantes ou
protetores solares devem ser evitados, pois essas associações não são
recomendadas em crianças.
Os repelentes reagem com os
protetores solares e acabam por reduzir o efeito do protetor quando aplicados
juntos. Pode-se aplicar o protetor solar e após 20 a 40 minutos realizar a
aplicação do repelente escolhido.
• A apresentação em loção
cremosa é mais segura do que a apresentação em spray e deve ser preferida nas
crianças.
Importante:
A Agência Nacional de
Vigilância Sanitária (Anvisa) recomenda a utilização de repelentes em crianças
de acordo com a fórmula do produto, que podem ser sintéticos ou naturais. Ao
escolher o produto indicado para as crianças, é importante consultar um médico
dermatologista.
►Confira os princípios ativos dos repelentes
recomendados pela Organização Mundial de Saúde (OMS):
• Icaridina (KB3023):
Uso permitido no Brasil em
crianças a partir de 2 anos de idade em concentração de 25% cujo período de
proteção chega a 8 a 10 horas.
• DEET:
Em concentração de até 10% pode
ser utilizado em maiores de 2 anos, sendo que não deve ser aplicado mais que 3
vezes ao dia em crianças de 2 a 12 anos.
• IR 3535 30%:
Permitido pela Anvisa para
crianças acima de 6 meses. Seu período de proteção conferido é de 4h.
Existem ainda os repelentes
naturais, no entanto, como são altamente voláteis e seu efeito costuma ser de
curta duração, não garantem proteção adequada ao Aedes aegypti, devendo ser
evitados.
Lembre-se:
O mais importante no combate ao
mosquito transmissor da doença é combater os focos de acúmulo de água, locais
propícios para que ele prolifere. Para isso, é crucial não acumular água em
latas, embalagens, copos plásticos, tampinhas de refrigerantes, pneus velhos,
vasinhos de plantas, jarros de flores, garrafas, caixas d´água, tambores,
latões, cisternas, sacos plásticos, entre outros, bem como manter o quintal da
casa e as calhas limpas, sem água empoçada, recolher o lixo e fechá-lo no saco
plástico e nunca jogá-lo no chão.
E não se esqueça de abrir a porta para que o agente de saúde inspecione e aplique, se for necessário, o pó nos ralos e locais onde se acumula água.
E não se esqueça de abrir a porta para que o agente de saúde inspecione e aplique, se for necessário, o pó nos ralos e locais onde se acumula água.
Fonte:
• Sociedade Brasileira de
Pediatria
• Sociedade Brasileira de
Dermatologia
• Dengue.org.br
• portalsaude.saude.gov/br
• FMUSP – Butantã
• Dengue.org.br