Chutando uma bola ou fazendo um amigo, criança quer escola, criança quer abrigo.
Na hora do cansaço ou na hora da preguiça, criança quer abraço, criança quer justiça.
Em qualquer lugar criança quer o quê? criança quer sonhar, criança quer viver.
Agente quer, agente quer, agente quer ser feliz, CRIANÇA É VIDA.
— Toquinho, cantor e compositor

ZIKA VÍRUS E OS PEQUENINOS, PROTEJA-OS!


Repelentes com hidratantes ou protetores solares devem ser evitados, pois essas associações não são recomendadas em crianças. Blog  Criança é Vida.
Nos últimos meses os meios de comunicação estão alertando e orientando a população sobre a importância do combate ao mosquito Aedes aegypti, transmissor das doenças dengue, zika vírus e chikungunya.

Segundo as recomendações disseminadas pelos órgãos de saúde, para conter a transmissão dessas doenças, além do uso de repelentes, é necessário ficar atentos a outros cuidados simples que podem ser colocados em prática e fazem toda a diferença.

Em geral, o uso de repelentes deve ser evitado nas crianças menores de 2 anos. É obrigatório ficar atento aos produtos específicos para cada faixa etária, para evitar irritações, alergias e intoxicações. Recomenda-se também a orientação e acompanhamento médico.

Como evitar os mosquitos:
• São encontrados em locais abertos e possuem predileção pelo tornozelo,  assim, se a criança for brincar ao ar livre, deve usar roupas com mangas compridas, punhos fechados, cobrindo braços e pernas.

• Evite roupas escuras (atraem mais os insetos) e as roupas muito coladas ao corpo pois elas permitem a picada.

• O uso de perfumes pode atrair alguns insetos e deve ser evitado nas crianças.

• Nos períodos do nascer e do pôr do sol as janelas devem ficar fechadas, o que reduz a entrada de muitos mosquitos.

• Os mosquitos como o Aedes atacam mais durante as primeiras horas da manhã e no final da tarde, mas podem picar à noite se houver suficiente luz
artificial.

• O uso do ar condicionado ajuda a manter os mosquitos afastados.

• Existem produtos que podem ser utilizados nas roupas como a permetrina 0,5% em spray.

Atenção: Aplicar apenas nas roupas e telas de janelas e não sobre a pele.

• Usar telas nas janelas e nas portas do quarto da criança, é o método mais inofensivo à saúde.

Vale lembrar que, hoje,  existem telas com permetrina ( produto inseticida) que são recomendados pela Organização Mundial da Saúde (OMS), inclusive para adultos, principalmente no combate a doenças transmitidas por mosquitos, como a malária.

• Usar mosquiteiros no berço e cama é o mais recomendado para crianças e adultos.

• Aparelhos de tomada que liberam inseticida podem ser ligados quando a criança não estiver no quarto porque podem ser prejudiciais à saúde. Podem ser ligados longe do berço ou da cama.

• Os aparelhos ultrasonicos não apresentam eficácia comprovada.

• Velas de citronela também podem ser usadas, quando o bebê não estiver no quarto ( pouca eficácia).

Atenção: Deve-se tomar cuidado com os repelentes líquidos que podem ser retirados da tomada pela criança e acidentalmente ingeridos.

• Realizar a limpeza do terreno da casa e, se possível, de terrenos, praças ou casas próximas.

• Retirar lixo e entulhos que possam acumular água parada e que servem como local de criação de novos mosquitos.

Uso de repelentes:
• Leia todo o rótulo antes de aplicar o produto e guarde-o para consulta.

• Aplique o produto conforme instruções do fabricante, somente nas partes do corpo permitidas.

Crianças abaixo de 6 meses: Não há estudos nessa faixa etária sobre segurança dos repelentes.  Só devem usar mosquiteiros e roupas protetoras. Não é recomendada  nenhuma substância química na pele ou repelentes elétricos que contenham produtos químicos no ambiente onde se encontram.

Crianças acima dos 6 meses: IR3535 - protege por cerca de 4 horas. É usado na Europa há vários anos e, em concentrações de 20% é eficaz, mas os estudos diferem quanto ao período de ação contra o Aedes aegypti que parece ser muito curto. O uso para bebês acima de 6 meses só é recomendado em caso de exposição inevitável e com orientação médica.

Crianças acima de 2 anos: Os repelentes que contém DEET são os mais utilizados. Quanto maior a concentração da substância, mais longa é a duração do seu efeito, com um platô entre 30 e 50%.

Uma formulação com cerca de 5% de DEET confere proteção por aproximadamente 90 minutos, com 7% de DEET a proteção dura quase 2 horas e com 20% de DEET a proteção é de 5 horas.

Vale ressaltar que a concentração máxima para uso em crianças varia de país para país. Mas atenção! Há um consenso quanto a se evitar a aplicação em crianças menores de 6 meses.  Assim, nos EUA a Academia Americana de Pediatria recomenda concentrações de até 30% para crianças acima de 2 anos.

Já a Sociedade Canadense de Pediatria preconiza repelentes com até 10% de DEET para crianças de 6 meses a 12 anos e autores franceses, concentrações de até 30% para crianças entre 30 meses e 12 anos.

A maioria dos repelentes disponíveis no Brasil possuem menos de 10% de DEET. A restrição da concentração de DEET a 15% ou menor baseada na toxicidade em animais pode resultar em doses insuficientes para a prevenção de doenças potencialmente graves como a Dengue e a Zika.

Assim, o risco da toxicidade deve ser devidamente pesado em relação ao risco da doença. A associação de baixas concentrações de DEET com outros inseticidas está em estudo e parece ser promissora para evitar a resistência aos repelentes atualmente disponíveis.

Icaridina em concentrações de 10% confere proteção por 3 a 5 horas e a 20%, de 8 a 10 horas. Deriva da pimenta e permite aplicações mais espaçadas que o DEET, com eficácia comparável.

Parece ser mais potente contra o Aedes Aegypti do que o DEET e o IR3535 e está liberado para uso acima de 2 anos.

Óleos naturais: são os mais antigos repelentes conhecidos e parecem ter eficácia razoável. Porém, por serem altamente voláteis (evaporam rápido), protegem por pouco tempo.

Um estudo mostrou que o óleo de soja a 2% conferiu proteção contra o Aedes por quase 1 hora e meia.

Óleo de citronela por evaporar muito rápido, fornece proteção muito curta.

Óleo de andiroba puro mostrou ser muito menos efetivo que o DEET.

Óleo de capim-limão teve seu princípio ativo isolado (PMD) e em concentração de 30% é comparável ao DEET a 20%, sendo o mais efetivo dos óleos naturais.

Atenção: Esses produtos podem causar reações alérgicas locais e sistêmicas e devem ser usados com cautela e, preferencialmente, com a orientação do Pediatra.

Vale lembrar que as pulseiras de citronela, além da baixa eficácia, já foram relacionadas a alguns casos de alergia no local do contato com a pele.

Orientação quanto à aplicação dos repelentes:
• Nunca aplicar na mão da criança para que ela mesma espalhe no corpo. Elas podem esfregar os olhos ou mesmo colocar a mão na boca.

• Aplicar a quantidade e intervalo recomendados pelo fabricante, lembrando que a maioria dos repelentes atuam até 4 cm do local da aplicação.

• Não aplicar próximo da boca, nariz, olhos ou sobre machucados na pele e seguir as orientações do fabricante guardando a bula ou embalagem para posterior consulta, em caso de ingestão ou efeitos adversos.

• Assim que não for mais necessário o repelente deve ser retirado com um banho com água e sabonete.

• Não permitir que a criança durma com o repelente aplicado. Apesar de seguro se usado corretamente o repelente é uma substância química e pode causar reações alérgicas ou intoxicações na criança quando utilizado em excesso.

• Em locais muito quentes — temperaturas maiores que 30 graus —  ou em crianças que suam muito, os fabricantes recomendam reaplicações mais frequentes.

• Repelentes com hidratantes ou protetores solares devem ser evitados, pois essas associações não são recomendadas em crianças.

Os repelentes reagem com os protetores solares e acabam por reduzir o efeito do protetor quando aplicados juntos. Pode-se aplicar o protetor solar e após 20 a 40 minutos realizar a aplicação do repelente escolhido.

• A apresentação em loção cremosa é mais segura do que a apresentação em spray e deve ser preferida nas crianças.

Importante:
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) recomenda a utilização de repelentes em crianças de acordo com a fórmula do produto, que podem ser sintéticos ou naturais. Ao escolher o produto indicado para as crianças, é importante consultar um médico dermatologista.

Confira os princípios ativos dos repelentes recomendados pela Organização Mundial de Saúde (OMS):
• Icaridina (KB3023):
Uso permitido no Brasil em crianças a partir de 2 anos de idade em concentração de 25% cujo período de proteção chega a 8 a 10 horas.

• DEET:
Em concentração de até 10% pode ser utilizado em maiores de 2 anos, sendo que não deve ser aplicado mais que 3 vezes ao dia em crianças de 2 a 12 anos.

• IR 3535 30%:
Permitido pela Anvisa para crianças acima de 6 meses. Seu período de proteção conferido é de 4h.

Existem ainda os repelentes naturais, no entanto, como são altamente voláteis e seu efeito costuma ser de curta duração, não garantem proteção adequada ao Aedes aegypti, devendo ser evitados.

Lembre-se:
O mais importante no combate ao mosquito transmissor da doença é combater os focos de acúmulo de água, locais propícios para que ele prolifere. Para isso, é crucial não acumular água em latas, embalagens, copos plásticos, tampinhas de refrigerantes, pneus velhos, vasinhos de plantas, jarros de flores, garrafas, caixas d´água, tambores, latões, cisternas, sacos plásticos, entre outros, bem como manter o quintal da casa e as calhas limpas, sem água empoçada, recolher o lixo e fechá-lo no saco plástico e nunca jogá-lo no chão.

E não se esqueça de abrir a porta para que o agente de saúde inspecione e aplique, se for necessário,  o pó nos ralos e locais onde se acumula água.


Fonte:
• Sociedade Brasileira de Pediatria
• Sociedade Brasileira de Dermatologia
• Dengue.org.br
• portalsaude.saude.gov/br
• FMUSP – Butantã   
• Dengue.org.br